Será que é possível um cineasta alemão realizar um filme a partir de livro americano, demonstrar seu fascínio pela América e continuar alemão? Wim Wenders prova que isso é possível em O Amigo Americano. Baseado no livro da escritora Patricia Highsmith, com roteiro adaptado pelo próprio Wenders, o filme traz de volta a personagem de Tom Ripley, conhecido das adaptações de O Talentoso Ripley, agora vivido pelo ator Dennis Hopper. Aqui, ele conhece Jonathan Zimmerman (Bruno Ganz), um moldurista de Hamburgo que está com leucemia. Ripley agora negocia obras de arte e é suspeito de comprar e vender telas falsas. Ele faz uma proposta que muda a vida do pacato Jonathan para sempre. Wenders faz de O Amigo Americano um filme cheio de camadas. Ele funciona, antes de tudo, como uma declaração de amor ao cinema e aos Estados Unidos. Há também um respeito pela estrutura clássica do suspense e, completando o espetáculo, personagens profundas e bem desenvolvidas. O elenco inteiro está soberbo e Wenders ainda tem as participações especiais de dois de seus diretores favoritos: Samuel Fuller e Nicholas Ray. Depois desse filme, o cinema de Wenders não seria mais o mesmo. Ganhou ele e, principalmente, ganhamos nós.