Sabe aquela animação que você começa a ver sem saber absolutamente nada sobre ela e rapidamente se descobre diante de algo surpreendente? Foi essa a sensação que eu tive assistindo ao filme Nimona, dirigido por Nick Bruno e Troy Quane. O roteiro, escrito por Robert L. Baird e Lloyd Taylor, tem por base a HQ digital criada por ND Stevenson e lançada em 2015. A história gira em torno da personagem título, jovem transmorfa que se aproxima do cavaleiro real Ballister, acusado de ter cometido um crime hediondo. A relação que se estabelece entre os dois passa por todas as fases que se espera de uma amizade em formação. Paralelo a essa dinâmica e divertida aventura, Nimona discute temas complexos que dizem respeito a preconceitos estruturais, orientação sexual, militarismo e senso de pertencimento, além de trabalhar o clássico ritual de passagem. E faz isso com bastante agilidade e muito bom humor. No centro de tudo, o medo infundado que muitos têm do desconhecido, daquilo que é diferente. E pensar que essa animação quase não chegou a ser concluída. Originalmente, o filme pertencia ao Blue Sky Animation Studios, que era ligada à Fox. Quando a Disney comprou o estúdio da “raposa”, a unidade de animação foi desativada. Nimona teve sua produção cancelada e veio a ganhar uma segunda chance quando a produtora Annapurna, em parceria com a Netflix, bancou a continuidade da obra, finalizada pela DNEG Animation. Ganhamos todos, portanto, com esse final feliz.
NIMONA (EUA 2023). Direção: Nick Bruno e Troy Quane. Animação. Duração: 101 minutos. Distribuição: Netflix.
