O multimídia curitibano Paulo Biscaia Filho fundou a Companhia Vigor Mortis em outubro de 1997 e traçou dois objetivos que continuam valendo até hoje. 1) Explorar possibilidades do horror e violência como forma de linguagem artística, aliadas ao uso de recursos multimídia de forma orgânica a dramaturgia e interpretação. 2) Levar cena, texto e interpretação ao limite entre a linguagem teatral e audiovisual. Depois de mais de uma década atuando nos palcos, o grupo estreou no cinema com o longa Morgue Story – Sangue, Baiacu e Quadrinhos, lançado em 2009. Três anos depois, eles estão de volta à arena cinematográfica com Nervo Craniano Zero, segundo longa de Biscaia Filho. Da mesma forma que o filme anterior, este também tem por inspiração uma peça teatral montada anteriormente. O roteiro, escrito pelo próprio diretor, é centrado em três personagens: Bruna (Guenia Lemos), Bartholomeu (Leandro Daniel Colombo) e Cristi (Uyara Torrente). A primeira é uma escritora de sucesso que quer evitar a qualquer custo a perda de sua criatividade. O segundo é um cientista criador de um chip que, quando implantado no cérebro provoca descargas de dopanima, gerando surtos de inspiração. A terceira é uma jovem recém chegada do interior com o sonho de se tornar uma estrela da música, mas, que acaba virando cobaia de uma macabra experiência científica. Com muito humor e excelentes soluções narrativas e musicais, Nervo Craniano Zero confirma o nome de Biscaia Filho como um dos expoentes do cinema de horror feito no Brasil. Uma curiosidade bem interessante: o DVD do filme foi produzido através do site Catarse, uma ferramenta de financiamento colaborativo. Em tempo: o material extra traz um vídeo caseiro impagável da atriz Guenia Lemos, ainda adolescente, cantando The Total Eclipse of the Heart.