Woody Allen nunca escondeu as influências europeias de seus filmes. Sejam elas vindas de cineastas como o sueco Ingmar Bergman ou o italiano Federico Fellini; sejam referenciando movimentos cinematográficos importantes oriundos daquele continente. Esse é o caso de Neblina e Sombras, escrito e dirigido por ele, em 1991, e que presta homenagem ao expressionismo alemão. Inteiramente filmado em estúdio, a história é uma adaptação da peça Morte, do próprio Allen, para o cinema. A ação acontece em uma pequena cidade da Europa onde um assassino, de forma brutal, estrangula suas vítimas. Kleinman (Allen) assume as investigações, logo se transforma em suspeito dos crimes. Mas essa não é a única trama do filme. Muitas outras vão surgindo e, aos poucos, terminam se encontrando. O elenco quilométrico traz Madonna, Jodie Foster e muitos artistas em pequenas participações. Neblina e Sombras, em muitos aspectos, difere bastante do restante da filmografia do diretor nova-iorquino. Há um rigor estético na construção dos cenários, na feitura dos figurinos, bem como nos objetos de cena, além da bela fotografia em preto e branco de Carlo Di Palma. E tudo isso reforça sobremaneira a crítica social que Allen nos apresenta aqui. Os questionamentos que ele faz, às vezes sutilmente, outras de forma direta, elevam o nível dessa obra peculiar e bastante original dentre as mais de 40 realizadas pelo cineasta.
NEBLINA E SOMBRAS (Shadows and Fog – EUA 1991). Direção: Woody Allen. Elenco: Woody Allen, Mia Farrow, John Cusack, Michael Kirby, David Ogden Stiers, James Rebhorn, Victor Argo, Daniel von Bargen, Camille Saviola, John Malkovich, Madonna, Donald Pleasence, Lily Tomlin, Kathy Bates e Jodie Foster. Duração: 85 minutos. Distribuição: Columbia/MGM.