O cineasta britânico Duncan Jones estreou na direção de longas em 2009 com Lunar, um contundente estudo sobre a solidão. Dois anos depois ele realizou uma pequeno pérola, Contra o Tempo, uma original abordagem sobre um dos temas mais caros da ficção-científica: a viagem no tempo. Até aí, Jones era saudado como um visionário. Além disso, muitos atribuíam seu talento à questão genética. Afinal, ele é filho de David Bowie. Em 2016, quando realizou Warcraft, as coisas começaram a mudar. O filme dividiu opiniões e, apesar de ter fracassado nas bilheterias americanas, não fez feio nos demais países, em especial, na China. Mudo, de 2018, produzido pela Netflix, é seu novo trabalho. Com roteiro escrito por ele próprio, junto com Michael Robert Johnson, trata-se de um noir futurista que bebe de muitas fontes, entre elas, Blade Runner. Tudo gira em torno de Leo (Alexander Skarsgard), um atendente de bar mudo de origem Amish. A ação se passa em Berlim, no ano de 2056. Nesse contexto, Leo inicia uma jornada por aquele mundo em busca de sua namorada Naadirah (Seyneb Saleh) e encontra pelo caminho os instáveis Cactus Bill (Paul Rudd) e Duck (Justin Theroux). O diretor recheia seu filme de citações ao seu primeiro longa. Inclusive com uma participação especial do ator Sam Rockwell. E Berlim não é a locação principal por acaso, uma vez que é uma cidade marcante da obra de Bowie, falecido em janeiro de 2016, para quem o filme é dedicado. Mudo, apesar do início promissor, do visual legal e do clima noir que proporciona, se perde completamente à medida que a história avança. Fica a sensação de que tinha potencial e poderia ter sido bem melhor.

MUDO (Mute – Inglaterra/Alemanha 2018). Direção: Duncan Jones. Elenco: Alexander Skarsgard, Paul Rudd, Justin Theroux, Robert Sheehan, Florence Kasumba, Noel Clark, Seyneb Saleh, Daniel Fathers e Nikki Lamborn. Duração: 126 minutos. Distribuição: Netflix.