Em 2007, Eduardo Coutinho, um dos maiores documentaristas de todos os tempos, testou os limites entre ficção e documentário no ousado Jogo de Cena. Dois anos depois, ele, de certa maneira, retoma aquela linha tênue com Moscou. Desta vez, Coutinho propôs ao grupo teatral Galpão, de Belo Horizonte, Minas Gerais, que ensaiasse uma peça do dramaturgo russo Anton Tchekcov. A peça em questão, As Três Irmãs, não seria apresentada publicamente. Coutinho queria apenas filmar os ensaios, o que fez por três semanas. Para tanto, convidou o diretor Enrique Diaz, que já havia montado a peça, para conduzir os ensaios. A peça conta a história de Olga, Maria e Irina, que vivem em uma pequena província no interior da Rússia. Sem muita esperança sobre o futuro, elas sonham voltar para a capital, Moscou, que funciona aqui quase como uma utopia de lugar ideal. Coutinho acompanha todo o trabalho de bastidor da montagem da peça. É aí que o filme encontra seus momentos de maior impacto. Moscou revela um cineasta aparentemente perdido, e, ao mesmo tempo, inquieto. E é justamente esta mistura de “falta de rumo” e “inquietação” que o torna tão rico em criatividade, emoção e significados.
MOSCOU (Brasil 2009). Direção: Eduardo Coutinho. Documentário. Duração: 77 minutos. Distribuição: VideoFilmes.
Respostas de 2
Coutinho, que saudade.
Outra magnífica oportunidade de observar a linha tênue entre o filme de ficção e o filme de não-ficção.