O cineasta americano Paul Schrader estreou como roteirista em 1974, quando escreveu Operação Yakuza. Seu roteiro seguinte, Taxi Driver, fez dele um nome conhecido. Não demorou muito e ele começou a dirigir também. De estilo bem pessoal, seco e direto, Schrader colecionou sucessos e fracassos, porém, manteve-se fiel ao seu modo de ver o mundo. Mishima: Uma Vida em Quatro Tempos, de 1985, foi seu quinto longa. A vida de Schrader não estava em um bom momento. Em visita ao Japão, ele teve a ideia de realizar a cinebiografia do famoso escritor japonês Yukio Mishima. Com a ajuda dos amigos Francis Ford Coppola e George Lucas, Schrader conseguiu o dinheiro que precisava para a produção. O roteiro ele escreveu junto com seu irmão Leonard. Mishima não segue a cartilha convencional de histórias inspiradas em fatos. A narrativa fragmentada procura traçar um amplo painel da personalidade do retratado e é dividida em quatro partes: Beleza, Arte, Ação e Harmonia da Caneta e da Espada. Schrader mistura de delirante e poética passagens da vida do autor com trechos de suas obras. Não há da parte do diretor-roteirista nenhuma intenção de facilitar as coisas para o espectador. Nesse ponto, o filme estabelece uma curiosa intertextualidade com a obra de Mishima. E a trilha sonora composta por Philip Glass reforça ainda mais as imagens belas e impactantes capturadas pela lente do diretor. Mishima é um filme que provoca os acomodados e instiga os amantes da grande arte.
MISHIMA: UMA VIDA EM QUATRO TEMPOS (Mishima: A Life in Four Chapters – EUA 1985). Direção: Paul Schrader. Elenco: Ken Ogata, Masayuki Shionoya, Hiroshi Mikami, Naoko Otani, Masato Aizawa e Go Riju. Duração: 121 minutos. Distribuição: Obras-Primas do Cinema.