Hora de morder a língua. Quando foi lançada a versão cinematográfica sueca para a obra do escritor Stieg Larsson em 2009, já na época foi anunciada uma versão americana. Eu torci o nariz. Achei a adaptação original muito boa e bem fiel ao clima do livro. Mesmo com o anúncio de David Fincher na direção, continuei achando que se tratava de um desastre. Como escrevi no começo do texto, tenho que morder minha língua. A história é a mesma, com pequenas diferenças. O roteiro hollywoodiano ficou por conta de Steven Zaillian, profissional de grande experiência na área. E Fincher tomou a acertada decisão de filmar na Suécia. Até mesmo a escalação de Daniel Craig, muito conhecido por seu papel como James Bond na série 007, para interpretar o jornalista Mikael Blomkvist, funciona aqui. Outro grande receio, se não o maior deles, recaía sobre a personagem central da trama, Lisbeth Salander. Era difícil imaginar outra atriz que não Noomi Rapace no papel. Pois mordo a língua outra vez. Rooney Mara ficou perfeita da mesma forma. Tudo começa quando o industrial Henrik Vanger (Christopher Plummer) convida Mikael (Craig) para investigar um assassinado ocorrido 40 anos atrás e nunca solucionado. Mikael precisa do dinheiro por conta de uma ação movida contra ele. Ele termina contando com a ajuda de Lisbeth (Mara) na executar sua tarefa. Ambas as versões ficaram muitas boas. No entanto, é preciso admitir, em alguns aspectos o filme de Fincher funciona melhor. Ele é, digamos assim, mais harmônico e orgânico que o original. E o mais interessante é que mesmo tendo visto a versão sueca antes, ele nos reserva boas surpresas.