O cineasta e comediante francês Jacques Tati fez poucos filmes. Estreou em 1935 com um curta-metragem. Fez um segundo curta doze anos depois. O primeiro longa, Carrossel da Esperança, é de 1949. Porém, muitos atribuem sua estreia cinematográfica e artística somente a partir de 1953, quando lançou As Férias do Senhor Hulot. A personagem atrapalhada criada e interpretada por Tati fez tanto sucesso e sua volta era inevitável. Isso acontece neste Meu Tio, de 1958. O humor do ator-roteirista-produtor-diretor é físico e visual. Aqui ele vai visitar a família da irmã e o filme se concentra no choque da modernidade com o mundo não tão moderno assim de Hulot. Diferente do trabalho anterior, que era em preto e branco, Tati agora faz uso das cores. E que cores. Meu Tio reforça também a criatividade do cineasta em retratar transformações que ocorrem ao nosso redor sem que as percebamos. A identificação é instantânea e a sensação que ela provoca continua atual. E o mais curioso é que funciona dos dois lados: às vezes nos sentimos um pouco Hulot. Outras, um pouco como a família e os amigos de sua irmã. Meu Tio recebeu o prêmio especial do júri do Festival de Cannes e ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro.
MEU TIO (Mon Oncle – França 1958). Direção: Jacques Tati. Elenco: Jacques Tati, Jean Pierre Zola, Andrienne Servantie, Alan Bécourt, Lucien Frégis, Betty Schneider e Jean-François Martial. Duração: 116 minutos. Distribuição: Obras-Primas do Cinema.
Uma resposta
O Sr. Hulot é uma das personagens mais hilárias da história do cinema. Acrescento, ainda, a tremenda habilidade de Tati no desenho de som de seus filmes. O som, aqui e nos outros filmes dirigidos por ele, tem um papel fundamental na narrativa.