O cineasta dinamarquês Lars von Trier é um dos fundadores do movimento Dogma 95, apesar de tê-lo seguido pouco. Coincidência ou não, seus filmes estão sempre cercados por muita polêmica. Seja pelo conteúdo, seja pelas entrevistas do diretor quando do lançamento. O que é incontestável é o dom que ele tem para nos provocar com seus trabalhos. É simplesmente impossível assistir a um filme dirigido por von Trier e não reagir. Positiva ou negativamente. Não é diferente em Melancolia, de 2011. A partir de um roteiro seu, o filme é o mais próximo de uma ficção-científica que o diretor poderia chegar. Tudo começa quando cientistas avisam que há um planeta, batizado com o título do filme, que está em movimento constante e em rota de colisão com a Terra. Em resumo, o fim do mundo está próximo. Em meio a isso tudo acompanhamos a festa de casamento de Justine (Kirsten Dunst) e Michael (Alexander Skarsgård). Sua irmã, Claire (Charlotte Gainsbourg), junto com o marido John (Kiefer Sutherland) e o filho Leo (Cameron Spurr), termina por acolher Justine, que entra em depressão profunda. Os quatro se isolam na mansão da família e esperam pelo inevitável. Von Trier filma tudo de maneira fatalista. A diferença de reação diante dos acontecimentos entre as duas irmãs funciona como foco principal da trama. Belissimamente fotografado por Manuel Alberto Claro, Melancolia é exercício rigoroso de análise do ser humano em um momento de total falta de esperança. E von Trier sabe tirar proveito tanto da história como do elenco. Kirsten Dunst ganhou a Palma de Ouro de melhor atriz no Festival de Cinema de Cannes de 2011.
MELANCOLIA (Melancholia – Dinamarca/Suécia/França/Alemanha 2011). Direção: Lars von Trier. Elenco: Kirsten Dunst, Charlotte Gainsbourg, Kiefer Sutherland, Charlotte Rampling, John Hurt, Alexander Skarsgård, Brady Corbet, Cameron Spurr e Stellan Skarsgård. Duração: 136 minutos. Distribuição: Califórnia Filmes.
Respostas de 5
Marden escreveu o que penso: von Trier tem o “dom para nos provocar com seus trabalhos”. E funciona. Gostando ou não, vale assisti-los. Mesmo que seja pela provocação!
Assisti no último domingo, é no mínimo perturbador.
Acho que foi o filme que mais gostei no ano de lançamento! Denso, perturbador! É fantástico observar como as irmãs vão se portando ao longo do filme em direção ao inevitável.
Quando assisti duas vezes em 2011, nao entendi o filme, nao gostei e guardei-o. Este ano assisti denovo, com atençao, e, veja, acabei gostando e recomendando. Vai entender… Tem filmes que vc assiste uma vez e esquece. Alguns vc gosta e assiste denovo.
Essa é uma das magias do cinema.