O diretor francês de origem argelina Rachid Bouchareb trabalhou durante sete anos como assistente de direção da TV estatal francesa. Depois, iniciou uma bem sucedida carreira dirigindo curtas-metragens. A estreia em longas acontece em 2006. London River: Destinos Cruzados, de 2009, é seu segundo filme de longa-metragem. A trama, escrita por Bouchareb, em parceria com Zoé Galeron e Olivier Lorelle, acontece em Londres, no ano de 2005, e conta a história de Ousmane (Sotigui Kouyaté) e da senhora Sommers (Brenda Blethyn). Os dois não se conhecem, vivem em cidades diferentes e são de cultura e religião mais diferentes ainda. Porém, algo termina por uni-los: a falta de notícias de seus filhos, que estudam em Londres. Após os atestados que a cidade sofreu em 07de julho de 2005, os dois iniciam uma busca incansável e compartilham a mesma esperança de encontrar os filhos vivos. Bouchareb conduz a narrativa com delicadeza e simplicidade e conta com as interpretações magistrais de Kouyaté e Blethyn para nos levar por uma cidade em estado de choque. Não há debate político-religioso nem grandes reviravoltas em London River. O drama humano que é mostrado, por si só, já é forte o suficiente. O grande acerto do filme está em se concentrar na amizade que aos poucos se estabelece entre Ousmane e a senhora Sommers. Os dois colocam de lado suas diferenças e se unem em torno de um objetivo comum. É isso que importa e é essa a mensagem que fica.
LONDON RIVER: DESTINOS CRUZADOS (London River – Inglaterra/Argélia/França 2009). Direção: Rachid Bouchareb. Elenco: Brenda Blethyn, Sotigui Kouyaté, Francis Magee, Sami Bouajila, Roschdy Zem, Marc Baylis, Bernard Blancan e Aurélie Eltvedt. Duração: 84 minutos. Distribuição: Califórnia Filmes.
Uma resposta
Rachid Bouchareb nos abraça com humanidade em um belo exercício de tolerância e amor numa cidade abalada pelo terrorismo. Londres está atordoada, sim. Mas poderia ter sido a Madrid de 11 de março ou a Nova Iorque de 11 de setembro. London River é um filme inesquecível. O olhar de Bouchareb não é piegas em nenhum instante. E abre espaço para uma dupla de protagonistas extraordinária: Brenda Blethyn e Sotigui Kouyaté. Obrigatório para os que amam o cinema, obrigatório para os que detestam.