Existem atores que arriscam sempre. Há também os que se acomodam com o sucesso e não gostam de correr risco algum. E tem aqueles que procuram se manter no topo atuando no “piloto automático”, ao mesmo tempo em que escolhem projetos mais ousados. A atriz Reese Witherspoon se enquadra no último grupo. Ela estreou em dramas juvenis que lhe deram visibilidade. Depois atuou em projetos mais difíceis, mesclando-os com comédias românticas. Aí veio o Oscar, ganho por Johnny e June e a popularidade foi às alturas. A partir daí, um pouco de acomodação até seu trabalho visceral em Livre. Dirigido pelo canadense Jean-Marc Vallée, o mesmo diretor de Clube de Compras Dallas, o filme se baseia no livro que relata a história real de Cheryl Strayed e teve Nick Hornby, autor dos livros Um Grande Garoto e Alta Fidelidade como roteirista. Livre acompanha a jornada de uma mulher que decide encontrar um novo rumo para sua vida. Para tanto, ela inicia uma caminhada de 1.800 quilômetros pela costa do oceano Pacífico. Vallée imprime aqui o mesmo tom documental que utilizou em seu filme anterior. E extrai de Witherspoon um desempenho intenso e corajoso. A atriz conseguiu se reinventar. Tarefa nem sempre fácil. Agora é esperar para que ela consiga recuperar o padrão de qualidade de seus filmes. Se os próximos seguirem a “trilha” de Livre, ela estará no caminho certo.

LIVRE (Wild – EUA 2014). Direção: Jean-Marc Vallée. Elenco: Reese Witherspoon, Laura Dern, Gaby Hoffmann, Keene McRae, Thomas Sadoski e Michiel Huisman. Duração: 116 minutos. Distribuição: Fox.