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LAERTE-SE

Laerte Coutinho nasceu em São Paulo, em 1951. Seu trabalho como cartunista e chargista lhe deu projeção nacional. Mas nada comparado ao que aconteceu quando, aos 57 anos, assumiu sua transexualidade. O documentário Laerte-se, dirigido em 2017, por Lygia Barbosa da Silva e Eliane Brum, se instala na casa da artista e acompanha sua rotina. Inicialmente relutante em abrir sua vida para o filme, Laerte terminou conversando longamente com a jornalista, escritora e codiretora Eliane Brum. Ficamos sabendo de sua infância e adolescência e da relação que tinha com os pais e os irmãos. Bem como sobre seus casamentos e filhos. O tom imprimido pelas diretoras é de completa informalidade. E não teria como ser diferente em se tratando de uma pessoa como Laerte. Ela não se furta a falar sobre todas as questões apresentadas e discute abertamente sua postura em relação à identidade de gênero, causa que vem pontuando sua vida desde que se assumiu mulher. E essa questão do “ser mulher” transcende o discurso  das características físicas que definem os gêneros masculino e feminino. Laerte está à frente do simples debate que costuma ter a profundidade de um pires. E uma discussão séria e ousada como a que é proposta em Laerte-se não poderia passar à margem do corpo da artista. Corajosa como sua retratada, o que temos aqui é uma verdadeira liberdade de expressão. Em tempo: esse foi o primeiro documentário produzido no Brasil pela Netflix.

LAERTE-SE (Brasil 2017). Direção: Lygia Barbosa da Silva e Eliane Brum. Documentário. Duração: 100 minutos. Distribuição: Netflix.

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