O cinema italiano do final dos anos 1960 e 1970 se notabilizou por sua forte conotação política. Herdeiro direto do movimento neorrealista, alguns cineastas, junto com atores e atrizes engajados, realizaram filmes que marcaram época e influenciaram novas gerações de artistas por todo o mundo. Um dos maiores nomes desse chamado “cinema político italiano” é Elio Petri. E uma de suas obras mais importantes é este Investigação Sobre Um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita, que ele escreveu (ao lado de Ugo Pirro), e dirigiu em 1970. A trama gira em torno do Doutor, como é identificado o inspetor de polícia vivido por Gian Maria Volonté. O país passa por um período de intensa perturbação e ele recebe a tarefa de reprimir os manifestantes, entre eles está Augusta (a atriz brasileira Florinda Bolkan), sua amante. Para testar o trabalho da polícia, ele planta pistas e espera ser preso pelo crime que cometeu. No entanto, acontece algo bem diferente. Fica claro a atitude corporativista do Estado, aqui representado pelos policiais. Petri nos conduz por uma intrincada teia de desmandos que demonstram a fragilidade de uma sociedade que deposita cegamente sua confiança em instituições inteiramente corrompidas e coniventes com uma estrutura de autoproteção. O filme ganhou o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes, bem como o Oscar de melhor filme estrangeiro.
INVESTIGAÇÃO SOBRE UM CIDADÃO ACIMA DE QUALQUER SUSPEITA (Indagine Su Un Cittadino Al Di Sopra Di Ogni Sospetto – Itália 1970). Direção: Elio Petri. Elenco: Gian Maria Volontè, Florinda Bolkan, Massimo Foschi. Arturo Dominici, Vittorio Duse e Salvo Randone. Duração: 115 minutos. Distribuição: Versátil.
