Diferente de um longa de ficção, o documentário pode tomar rumos que não haviam sido previstos inicialmente. Este é o caso de Ícaro, dirigido pelo ciclista amador americano Bryan Fogel. Tudo que ele queria era figurar entre os 100 primeiros em uma competição na Europa. Para tanto, decidiu experimentar um método de dopagem para melhorar seu desempenho na prova. Isso o levou a se aproximar do médico russo Grigory Rodchenkov, que o orientou no uso de drogas e os respectivos métodos para burlar os testes. Fogel registrava tudo em vídeo. No entanto, ele não esperava que aquele simples registro pessoal se tornasse algo muito maior. Ícaro se transforma em um suspense carregado de intrigas e conspirações ao revelar um grande esquema de dopagem envolvendo os atletas russos. Como diz a frase do escritor George Orwell que abre o filme: “numa época de mentiras universais, dizer a verdade é um ato revolucionário”. A partir dos dados e das imagens captadas, o roteiro de Jon Bertain, Bryan Fogel, Mark Monroe e Timothy Rode nos conduz por uma trama tão incrível que se fosse uma obra de ficção, muita gente talvez dissesse se tratar de um exagero. Ícaro estreou em janeiro de 2017, no Festival de Sundance, onde recebeu o Prêmio Especial do Júri. Isso chamou a atenção da Netflix, que comprou os direitos de distribuição mundial. No ano seguinte ganhou o Oscar de melhor documentário de longa-metragem.
ÍCARO (Icarus – EUA 2017). Direção: Bryan Fogel. Documentário. Duração: 121 minutos. Distribuição: Netflix.
