A obra maior de Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas, publicada em 1956, já havia ganho uma ótima adaptação como minissérie da TV Globo dirigida por Walter Avancini, em 1985. Quase 40 anos depois o clássico romance ganha não apenas uma nova versão, mas também uma modernização e desta vez como um longa para cinema sob a direção de Guel Arraes. Batizado simplesmente de Grande Sertão, o roteiro escrito por Jorge Furtado junto com o diretor, nos leva a um futuro distópico onde o “sertão” de Rosa se transforma em uma favela da periferia de uma grande cidade onde facções criminosas, no lugar dos jagunços, enfrentam a polícia. É nesse cenário que Riobaldo (Caio Blat) conhece Diadorim (Luisa Arraes). A narrativa acelerada mantém muito da prosa do livro e é incrível como o texto permanece atual, mesmo após mais de um século da época em que a história original se passa. A dupla central defende muito bem seus papéis, mas é Eduardo Sterblitch, na pele do vilão Hermógenes, quem rouba a cena sempre que aparece. A direção de arte e os figurinos também merecem destaque e contribuem sobremaneira para nos colocar naquele mundo.
GRANDE SERTÃO (Brasil 2023). Direção: Guel Arraes. Elenco: Caio Blat, Luisa Arraes, Rodrigo Lombardi, Eduardo Sterblitch, Luís Miranda, Mariana Nunes, Gustavo Falcão e Luellem de Castro. Duração: 108 minutos. Distribuição: Paris Filmes.