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GOLPE DE SORTE EM PARIS

Em quase 70 anos de carreira como roteirista e perto de 60 como diretor, Woody Allen realizou 50 longas. Golpe de Sorte em Paris talvez seja seu derradeiro filme e é o primeiro falado inteiramente em francês; o segundo rodado na capital francesa, 12 anos depois de Meia-Noite em Paris; e o terceiro a ser inspirado por Crime e Castigo, de Dostoiévski, possivelmente o livro favorito do cineasta, já que serviu de inspiração para Crimes e Pecados, de 1989; e Match Point, de 2005. O roteiro, do próprio Allen, nos apresenta Alain (Niels Schneider), que reencontra por acaso Fanny (Lou de Laâge), uma antiga colega de colégio por quem era apaixonado secretamente. Fanny está casado com o milionário Jean (Melvil Poupaud) e vive em um luxuoso apartamento num bairro nobre de Paris. A vida dela parece perfeita, no entanto, ela inicia um romance com Alain até o dia em que ele desaparece misteriosamente. Allen estava há três anos longe das câmeras por conta da pandemia da Covid-19. O mais longo período sem filmar nos últimos 50 anos. Mas Golpe de Sorte em Paris nos revela um cineasta em pleno domínio de sua narrativa. Perto de completar 90 anos de idade, este talvez seja seu derradeiro trabalho. Caso se confirme mesmo, trata-se de uma bela, divertida e romântica despedida com toques de tragédia grega e Dostoiévski. Uma mistura assim poderia desandar nas mãos de cineastas pouco talentosos. Definitivamente, não é o caso aqui.

GOLPE DE SORTE EM PARIS (Coup de Chance – EUA/França/Inglaterra 2023). Direção: Woody Allen. Elenco: Lou de Laâge, Melvil Poupaud, Niels Schneider, Valérie Lemercier, Sara Martins, William Nadylam, Elsa Zylberstein e Arnaud Viard. Duração: 93 minutos. Distribuição: O2 Play.

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