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FEITO NA AMÉRICA

A incrível história do americano Barry Seal, piloto da companhia aérea TWA nos anos 1980, que se transformou em informante/traficante e enganou tanto Pablo Escobar quanto a CIA, já havia sido contada antes. Seja no telefilme A Vida Por Um Fio: Entre a Lei e o Crime, dirigido em 1991 por Roger Young e estrelado por Dennis Hopper; ou na série Narcos, produzida por José Padilha para a Netflix; e no filme Conexão Escobar, de Brad Furman, lançado em 2016. Agora, a polêmica figura de Seal está de volta com o carismático sorriso de Tom Cruise, na comédia de ação Feito na América, de Doug Liman. Liman é um diretor eficiente e pouco reconhecido como tal. Provavelmente por não ter uma “assinatura”, um traço pessoal marcante. O roteiro de Gary Spinelli procura fazer de Barry Seal um homem que estava no lugar certo na hora certa e simplesmente procurou tirar proveito da situação. Há uma preocupação didática em explicar com detalhes as circunstâncias em que tudo acontece. E com um astro do calibre de Cruise à frente do elenco, sua personagem é “vendida” quase como um herói, ou melhor dizendo, um anti-herói boa praça e sorridente que parece capaz de enfrentar tudo e se safar de qualquer perigo ou ameaça que surja em seu caminho. Ao contrário das obras citadas acima, Feito na América não é nada sério. Muito pelo contrário. Essa opção narrativa suprime alguns conflitos, principalmente os familiares, que surgiriam de maneira natural em decorrência das situações que são apresentadas. Basta imaginar a loucura que deve ter sido se encontrar dividido em quatro vidas distintas: pai, piloto, informante e traficante. Isso daria um “nó” na cabeça de qualquer ser humano normal. Mas se essa pessoa atende pelo nome de Tom Cruise, tudo muda radicalmente de figura. A persona cinematográfica que ele criou ao longo de sua carreira nos faz acreditar no que estamos vendo. Cruise e Liman querem nos divertir por quase duas horas e são bem sucedidos nesse intento. Você pode até questionar a moral de Barry Seal, mas aí estaria entrando em uma outra seara que não é a do filme. Dois aspectos técnicos se destacam: a fotografia e a montagem. As imagens capturadas pela lente do uruguaio César Charlone é forte e saturada, bem de acordo com a premissa da história. Já a montagem eletrizante, a cargo de Saar Klein, Andrew Mondshein e Dylan Tichenor, dita o ritmo que nos mantém ligados em tudo o que acontece na tela. Feito na América é ágil e divertido, um excelente “filme pipoca” que comprova mais uma vez os talentos de seu astro e de seu diretor. Precisa mais? Então relaxe e aproveite.

FEITO NA AMÉRICA (American Made – EUA 2017). Direção: Doug Liman. Elenco: Tom Cruise, Sarah Wright, Domhnall Gleeson, E. Roger Mitchell, Jesse Plemons, Caleb Landry Jones, Lola Kirke e Benito Martinez. Duração: 115 minutos. Distribuição: Universal/Now.

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