Os cineastas dinamarqueses Lars von Trier e Thomas Vinterberg publicaram no dia 13 de março de 1995 o Manifesto Dogma 95 que defendia um cinema mais realista, autoral e não comercial. A ação ganhou adeptos no mundo todo e até hoje temos produções que recebem o selo do movimento quando cumprem os requisitos do documento. Curiosamente, Trier e Vinterberg há muito deixaram de seguir as regras que eles próprios estabeleceram. Druk: Mais Uma Rodada, que Vinterberg dirigiu em 2020 e ganhou o Oscar 2021 de melhor filme internacional, jamais receberia o selo Dogma 95. Mas não entenda isso como algo negativo. Muito pelo contrário. Druk, que teve seu roteiro escrito pelo próprio diretor junto com Tobias Lindholm, que já havia colaborado com ele em outros três trabalhos, é um filmaço. A história gira em torno de quatro amigos: Martin (Mads Mikkelsen), Tommy (Thomas Bo Larsen), Nikolaj (Magnus Millang) e Peter (Lars Ranthe). A partir de uma teoria que defende os benefícios de mantermos um nível constante de álcool em nosso sangue, o quarteto passa a beber diariamente uma pequena quantidade de bebida e colhem resultados animadores. Pode até parecer que Druk é uma ode à bebedeira. Ledo engano. O filme de Vinterberg é na verdade uma celebração da vida e isso merece um brinde. Em tempo: Druk é dedicado à Ida, filha do diretor que morreu aos 19 anos, vítima de um acidente de trânsito ocorrido quatro dias antes do início das filmagens. Ela que sugeriu ao pai fazer o filme e participaria dele como atriz.
DRUK: MAIS UMA RODADA (Druk – Dinamarca 2020). Direção: Thomas Vinterberg. Elenco: Mads Mikkelsen, Thomas Bo Larsen, Magnus Millang, Lars Ranthe, Maria Bonnevie e Albert Rudbeck Lindhardt. Duração: 117 minutos. Distribuição: Vitrine Filmes/Versátil.