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DOIS PAPAS

É comum ouvirmos dizer que “a vida imita a arte” ou mesmo que “a arte imita a vida”. No caso do filme Dois Papas, produção anglo-italiano da Netflix dirigida pelo brasileiro Fernando Meirelles, estamos diante de uma nova abordagem. O roteiro do inglês Anthony McCarten se apropria de farto material noticiado pela imprensa a respeito da eleição do papa Bento 16, de sua renúncia posterior e da ascensão do papa Francisco, aliado à imaginação do roteirista a respeito de supostas conversas que Joseph Ratzinger e Jorge Bergoglio teriam tido. Os dois são, respectivamente, Bento e Francisco, os papas do título. Em uma história como esta, calcada fortemente em diálogos, é imprescindível que os atores à frente do elenco sejam geniais. E não poderia ter havido escolha melhor que os galeses Anthony Hopkins e Jonathan Pryce para viveram os dois. E Meirelles, ciente do talento de ambos, deu o espaço necessário para que eles brilhassem em cena. Duas pessoas completamente diferentes e que, através do diálogo (algo que tem faltado bastante em muitas mesas do mundo nos dias atuais), se conectam através de uma causa maior, no caso, o bem da Igreja Católica. O que fica de Dois Papas é uma bela e urgente lição de tolerância. Em tempo, o filme recebeu três importantes indicações ao Oscar 2020: melhor ator para Jonathan Pryce; melhor ator coadjuvante para Anthony Hopkins e melhor roteiro adaptado para Anthony McCarten.

DOIS PAPAS (The Two Popes – Inglaterra/Itália 2019). Direção: Fernando Meirelles. Elenco: Jonathan Pryce, Anthony Hopkins, Juan Minujin, Luis Gnecco, Cristina Banegas, Renato Scarpa e Sidney Cole. Duração: 126 minutos. Distribuição: Netflix.

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