Aos olhos de hoje, os filmes do ítalo-americano Frank Capra podem até parecer “bobinhos” demais. Para ele, não havia “tons de cinza”. Os bons eram bons e os maus eram maus. O cineasta que ajudou a Columbia a se tornar um estúdio lucrativo, acreditava na bondade do ser humano. O curioso é que ele fazia isso de forma tão sincera que ninguém achava piegas. Um bom exemplo do cinema capriano é Do Mundo Nada Se Leva, comédia que ele dirigiu em 1938. Aqui, somos apresentados aos Vanderhof, uma família, digamos assim, excêntrica. Tony Kirby (James Stewart) é filho de um rico e ganancioso empresário. Ele é apaixonado por Alice Sycamore (Jean Arthur), sua secretária, e decide se casar com ela. Para tanto, leva seus pais para conhecer a família dela. Para complicar ainda mais esse inusitado choque de classes, só mesmo o fato de o pai de Tony querer comprar de qualquer maneira a casa do avô de Alice. Baseada na peça teatral de George S. Kaufman e Moss Hart, o roteiro foi adaptado por Robert Riskin e forneceu ao diretor farto material para lidar com seu tema favorito: a crença no homem. Além das máximas “dinheiro não traz felicidade” e “o amor supera tudo”. Pode até ser ingênuo, mas é tão charmoso e tão “prá cima” que no final, o que vale mesmo é constatar que no mundo de Capra, tudo se leva.
DO MUNDO NADA SE LEVA (You Can’t Take It With You – EUA 1938). Direção: Frank Capra. Elenco: Jean Arthur, Lionel Barrymore, James Stewart, Edward Arnold, Mischa Auer, Ann Miller, Spring Byington, Eddie Anderson, Donald Meek, Halliwell Hobbes, Dub Taylor, Samuel S. Hinds, Harry Davenport, Charles Lane, H. B. Warner, Mary Forbes e Lillian Yarbo. Duração: 126 minutos. Distribuição: Sony.