No Ocidente, o nome de Akira Kurosawa sempre foi sinônimo de cinema japonês. Paradoxalmente, isso nem sempre valeu no próprio Japão. Em certa altura de sua carreira, em especial, a partir dos anos 1970, o cineasta passa a ser considerado “ocidental demais” por seus conterrâneos. Com dificuldade para realizar seus filmes na sua terra natal, Kurosawa se mudou para a então União Soviética (atual Rússia), onde criou uma de suas obras mais queridas e emocionantes, Dersu Uzala. O roteiro, escrito pelo próprio diretor, junto com Yuri Nagibin, se baseia no romance autobiográfico do russo Vladmir Arsenyev. O tema principal aqui é a amizade entre o militar Arsenyev (Yuri Solomin) e o caçador Dersu Uzala (Maxim Munzuk) e se passa na Sibéria na virada dos séculos XIX para o XX. Kurosawa era um artista com forte visão humanista e, neste quesito, Dersu Uzala talvez seja seu maior trabalho. Através da humildade deste caçador incomum, o diretor nos passa preciosos ensinamentos sobre a natureza e a vida. O filme ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro.