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CINEMARDEN VAI AO OSCAR

CONTO DE FADAS

Em meio século de carreira, o cineasta russo Aleksandr Sokurov já realizou mais de 60 trabalhos como diretor e a metade disso como roteirista. Ele é aquele tipo de artista que gosta de testar novas formas narrativas. Costuma explorar isso em seus filmes, como por exemplo A Arca Russa, de 2002, onde cobriu cerca de 200 anos da história de seu país em um elaborado plano-sequência. Em Conto de Fadas, animação experimental que ele escreveu e dirigiu em 2022, temos um inusitado encontro entre Joseph Stalin, Winston Churchill, Benito Mussolini e Adolf Hitler, com a participação especial de Jesus Cristo e até de Deus, em uma espécie de “não-lugar” ou seria um purgatório? Sokurov reuniu esses quatro homens pelo simples fato de eles terem moldado o planeta Terra no século XX. Conto de Fadas não é uma animação para crianças e nem para alguns adultos. O filme causa estranhamento por conta das imagens que vai mostrando e das ilustres personagens que interagem uns com os outros e também com versões deles próprios de diferentes períodos. Trata-se de uma obra bem incômoda, assumidamente confusa e por isso mesmo necessária, pois nos faz confrontar com questões que mexeram com nossas vidas lá atrás, antes mesmo de nosso nascimento e o que foi feito no passado continuam reverberando no presente e, infelizmente, continuarão reverberando por muito tempo ainda no futuro.

CONTO DE FADAS (Skazka – Rússia/Bélgica 2022). Direção: Aleksandr Sokurov. Animação. Duração: 78 minutos. Distribuição: Imovision.

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