O cineasta carioca Miguel Faria Jr. começou sua carreira em 1969 e até 2015 tinha realizado 13 longas. Dois deles no intervalo de dez anos. Ambos sobre artistas importantes da MPB. Primeiro, Vinícius, em 2005, sobre Vinícius de Moraes. Depois, este Chico – Artista Brasileiro, em 2015, sobre Chico Buarque. Fazer um documentário sobre uma figura tão destacada de nossa cultura não parecia uma tarefa fácil. Afinal, Chico é um homem de múltiplos talentos e, além disso, tem fama de ser extremamente tímido. O diretor não se acanhou. Seu objetivo era desmistificar o cantor, compositor, dramaturgo e escritor. E a tarefa que parecia difícil, revelou-se algo bem simples. Chico não é, de forma alguma, aquela quase santidade reclusa que muitos deviam pensar. Através de um resgate, nem sempre cronológico, da memória do músico, sua trajetória é refeita e comentada. O próprio Chico relembra momentos relevantes de sua vida. Alguns deles de grande intimidade até. Lima Jr. teve acesso a um farto material pessoal de arquivo e conseguiu levantar outros tantos. O resultado final é um filme leve e profundo ao mesmo tempo. Além dos depoimentos, há também belos e delicados números musicais onde nomes como Adriana Calcanhotto, Ney Matogrosso, Milton Nascimento e Mart’nália, entre outros, participam do filme. Chico – Artista Brasileiro nos revela um Chico Buarque de bem com sua obra e com seu legado. E, acima de tudo, um homem consciente de sua arte e de sua brasilidade. O pai dele era paulista, o avô pernambucano, o bisavô mineiro e o tataravô baiano. Alguém disse: em um país cheio de Franciscos, ele é o Chico.
CHICO – ARTISTA BRASILEIRO (Brasil 2015). Direção: Miguel Faria Jr. Documentário. Duração: 110 minutos. Distribuição: Sony.
Uma resposta
Não faltam motivos para assistir este filme!