A vida de Charles Spencer Chaplin nunca foi uma comédia. Na verdade, ele teve tudo para se tornar um marginal, ou no mínimo, um louco. Sua infância foi miserável e vivida nas ruas. Sua mãe foi internada em um hospício. A salvação do jovem Chaplin foi o sorriso. O dom de sorrir e de fazer sorrir o transformou completamente. O diretor inglês Richard Attenborough conta sua história com carinho e respeito. Um respeito tão profundo que o fez utilizar a mesma atriz, Moira Kelly, para interpretar as duas mulheres mais importantes da vida de Chaplin: Helly Kelly, sua primeira paixão, e Oona O’Neil, sua última esposa. Porém, a maior prova de amor ao grande Chaplin foi a escolha do ator Robert Downey Jr. para interpretá-lo. Um caso raro de total identificação entre ator e personagem. Contar a vida de Charles Chaplin significa contar um pouco da história do cinema e nesse ponto, Attenborough também foi extremamente cuidadoso. A reconstituição de ambientes, figurinos, personalidades, situações e bastidores é exemplar. Algumas personagens aparecem rapidamente, mas, convenhamos, são mostrados 80 anos da vida de Chaplin. Ao longo do filme o diretor procura ressaltar que a inspiração do artista vinha sempre de pequenas coisas, de pequenos detalhes. Attenborough mostra todas as facetas deste grande mestre: seu método de criação, muitas vezes obsessivo; seus relacionamentos amorosos e os atritos com o diretor do FBI. Chaplin é uma produção esmerada e fiel às suas fontes e à pessoa homenageada. Depois de vê-lo, surge uma vontade incontrolável de ver ou rever os clássicos dirigidos por este gênio do cinema.
CHAPLIN (Inglaterra 1992). Direção: Richard Attenborough. Elenco: Robert Downey Jr., Moira Kelly, Anthony Hopkins, Dan Aykroyd, Kevin Dunn, Milla Jovovich, Diane Lane, Kevin Kline e Geraldine Chaplin. Duração: 148 minutos. Distribuição: Universal/Obras-Primas do Cinema.