Quem, em algum momento da vida, não desejou encontrar uma bolsa cheia de dinheiro? Isso acontece com os irmãos Damian (Alex Etel) e Anthony (Lewis Owen McGibbon), de 7 e 9 anos, respectivamente, no filme Caiu do Céu. Os dois se mudam para o interior acompanhando o pai viúvo. O irmão mais velho já age como um adulto. O caçula é obcecado por santos, sabe tudo sobre eles, consegue vê-los pelos cômodos da casa e até conversa com eles. Na trama, o país está prestes a ter sua moeda substituída pelo Euro. Sabendo disso, um grupo de criminosos assalta um trem que transporta libras esterlinas que serão incineradas. Um detalhe: o dinheiro precisará ser gasto em muito pouco tempo, antes da mudança da moeda. Um dos sacos de dinheiro termina caindo do trem em cima de uma casinha de papelão onde Damian costuma rezar. Damian quer doar o dinheiro para caridade. Anthony, mais pragmático e capitalista, quer investir a grana no mercado de imóveis. O diretor Danny Boyle conta sua história como se fosse uma fábula, fazendo uso de recursos “mágicos” e “santificados”, além de trabalhar com atores pouco conhecidos, mas talentosos, principalmente o menino que interpreta Damian. A história é envolvente e ingênua, sem cair na pieguice ou no sarcasmo. Se você conhece a obra de Doyle, duas curiosidades: 1) A bolsa cheia de dinheiro remete ao seu primeiro filme, Cova Rasa, que lida com isso também, porém, com condução e desfecho bem diferentes; 2) Em certo momento de Caiu do Céu, os irmãos assistem ao programa Quem Quer Ser Um Milionário?, que um pouco mais tarde viria a ser o tema de seu filme mais premiado.