A Tecnokena, do cineasta curitibano Paulo Munhoz, iniciou em 2007 a franquia Brichos. Trata-se da maior no gênero animação existente no país. Cinco anos depois foi a vez de Brichos 2: A Floresta é Nossa. Agora, após dois longas e uma série de TV, temos este Brichos 3: Megavírus, trazendo os moradores da Vila dos Brichos para mais uma aventura. O mais importante nessa trilogia animada é a utilização de bichos brasileiros. Daí o título “Brichos”. O jaguar Tales, o quati Jairzinho e o tamanduá Bandeira unem forças outra vez. E o desafio dos três não poderia ser mais atual. Dessa feita, a missão é salvar a comunidade onde moram de um inimigo imaterial, um vírus de computador, que deixou a população em estado catatônico. Temos, portanto, um duelo entre o analógico e o digital com fortes doses de ciência e magia, de sonho e realidade, uma vez que é preciso enfrentar esse vilão de frente. Mas há algo bem mais forte e premonitório em Brichos 3. O roteiro foi escrito antes da COVID 19 e a certa altura, em uma conversa entre Tales e Dumontzinho, ouvimos as frases: “Na Hora H, é a cultura que nos abriga! E a ciência que nos salva…”. Enfrentamos em 2020 e 2021 um isolamento por conta da pandemia e fomos salvos justamente pela cultura, que aliviou nossas almas com filmes, livros e músicas. Por fim, com o advento da vacina, a ciência salvou nossos corpos. Munhoz enxergou o futuro e isso é incrível. Cinéfilos que são, ele e sua equipe de animadores fazem aqui diversas referências a filmes conhecidos de suspense, aventura e ficção-científica, além de discutirem algo que é a única coisa certa em nossas vidas, mas é pouco discutida, a morte. E lidam com esse tema tabu de maneira positiva. Com isso, a obra educa e funciona muito bem para diferentes níveis de público. Mesmo tendo como objetivo entreter as crianças, Brichos 3 aborda questões pertinentes que chamarão a atenção dos adultos. Ou seja, o melhor de dois mundos.
BRICHOS 3: MEGAVÍRUS (Brasil 2023). Direção: Paulo Munhoz. Animação. Duração: 75 minutos. Distribuição: O2 Play.
