Você já deve ter ouvido dizer que a geração atual já nasceu com um chip na cabeça de tão familiarizada que ela é com tablets, smartphones e outros equipamentos eletrônicos. Em um passado não muito distante isso podia ser dito a respeito do televisor. Principalmente, nas primeiras décadas do aparelho, que era muito caro. E, por conta disso, poucas famílias o possuíam. O mestre japonês Yasujiro Ozu, fiel aos temas recorrentes de sua filmografia, como o confronto entre o tradicional e o moderno, tendo isso inserido em um contexto familiar, lida com essa questão em Bom Dia, que ele escreveu junto com Kogo Nodo, e dirigiu em 1959. Tudo acontece em um subúrbio de Tóquio. Lá, uma das casas da vizinhança tem uma TV e isso chama a atenção das crianças do lugar. Dois irmãos, Minoru (Koji Shitara) e Isamu (Masahiko Shimazu), insistem para que seus pai comprem um aparelho também. Com a recusa, eles iniciam uma greve de silêncio, o que termina por criar problemas com a família, com os outros vizinhos, na escola e até com a polícia. Ozu extrai beleza, poesia e humor das coisas simples da vida. É daí que vem a força de seu Cinema e a perenidade de suas histórias.
BOM DIA (Ohayo – Japão 1959). Direção: Yasujiro Ozu. Elenco: Keiji Sada, Yoshiko Kuga, Chishu Ryu, Kuniko Miyake, Haruko Sugimura, Koji Shitara e Masahiko Shimazu. Duração: 94 minutos. Distribuição: Versátil.