O que conhecemos hoje como “Novo Cinema Alemão” surgiu no final dos anos 1960 com os primeiros filmes da trinca Werner Herzog, Rainer Werner Fassbinder e Wim Wenders. Esse último, natural de Düsseldorf, estudou Medicina e Filosofia antes de se mudar para Paris, onde estudou Pintura e terminou por descobrir o Cinema. De volta à Alemanha, se formou pela Universidade de Televisão e Filme de Munique. Quando dirigiu Asas do Desejo, em 1987, considerada sua obra-prima, Wenders já era um cineasta de prestígio mundial. O filme, escrito por ele em parceria com Peter Handke, se passa em Berlim no período do pós-guerra. Acompanhamos dois anjos que perambulam pela cidade. Eles são invisíveis e têm o poder de ler os pensamentos das pessoas e confortar suas almas. Um desses anjos se apaixona por uma trapezista e deseja se tornar humano. Parece até o enredo de Cidade dos Anjos, com Meg Ryan e Nicolas Cage. Confusão natural. Afinal, trata-se de uma refilmagem desfocada de Asas do Desejo. O filme original de Wenders é romântico, mas, não tem o romance como mote principal de sua trama. Belissimamente fotografado em cores e em preto e branco por Henri Alekan, o roteiro tem como foco maior questões que envolvem a incomunicabilidade. Outra característica diz respeito à contemplação dos anjos em relação à vida dos humanos, que eles discutem e filosofam a respeito de maneira passiva. Existem muitas falas e, ao mesmo tempo, muitos “silêncios” em Asas do Desejo. Um filme de ritmo lento, porém, envolvente e que deve ser apreciado como um inspirado poema visual. Wenders realizou uma continuação em 1993, com o título de Tão Longe, Tão Perto.
ASAS DO DESEJO (Der Himmel über Berlin – Alemanha 1987). Direção: Wim Wenders. Elenco: Bruno Ganz, Otto Sander, Solveig Dommartin, Otto Sander, Curt Bois, Peter Falk e Lajos Kovásc. Duração: 128 minutos. Distribuição: Europa Filmes/Versátil.
Uma resposta
O filme eh um poema. Marden tem razao. E dos mais belos poemas, eu diria.