O cineasta Edward Yang nasceu em Xangai, na China. Mas, se criou em Taiwan, onde desde cedo mostrou interesse pelas artes narrativas, primeiro pelos mangás e animes japoneses, depois pelo Cinema. No final, acabou se formando em Engenharia, porém, anos depois, o interesse pela Sétima Arte voltou com força e ele começou a fazer filmes. As Coisas Simples da Vida, de 2000, foi seu último trabalho. Com ele, Yang ganhou a Palma de Ouro de melhor direção no Festival de Cannes. Com roteiro dele próprio, o filme conta muitas histórias envolvendo uma família de Taiwan. O título original, Yi Yi, significa “um e um”. Não que o título nacional seja assim tão ruim e sem ligação com a história. Até que tem a ver, no entanto, é genérico demais. A proposta de Yang vai muito além de destacar as vantagens de uma vida simples. Se refere às escolhas que fazemos e suas consequências. O pequeno Yang-Yang (Jonathan Chang) funciona como uma espécie de alter ego do diretor. Uma bela analogia proposta pelo filme diz respeito ao ato corriqueiro de fotografar pessoas, lugares e objetos. Normalmente, fotografamos o que está à nossa frente. Porém, isso apenas preenche metade de nosso campo de visão. O lado de trás nunca é revelado e permanece, portanto, desconhecido. O olhar atento de Yang nos conduz através de um rico mosaico de pessoas e suas histórias, e, principalmente, de seus questionamentos.