O estilista americano Tom Ford já havia se aventurado como cineasta em 2009 com o tocante Direito de Amar. Sete anos depois ele volta ao mundo da sétima arte com o impactante Animais Noturnos, com roteiro adaptado por ele próprio, a partir do livro de Austin Wright. Temos aqui uma história que avança em três frentes. Melhor dizendo, não seria exagero afirmar que na verdade se trata de três filmes em um. A figura central é Susan (Amy Adams). Ela negocia obras de arte e passa por uma crise em seu casamento com Hutton (Armie Hammer). Ao mesmo tempo, ela recebe um livro escrito por seu ex-marido Edward (Jake Gyllenhaal). Temos então a narrativa dividida entre o presente e o passado de Susan, e no meio disso, a história que é contada no livro de Edward. Animais Noturnos fala, em primeiro lugar, das escolhas que fazemos em nossas vidas. Mostra também o lado mais cruel de um ser humano e os desejos que nascem dessa maldade. Ford é um diretor de mão firme e extrai desempenhos soberbos de todo o elenco. Sem contar o rigor estético e o visual apurado. O contraste entre a beleza e a violência das imagens cria um desconforto que continua nos incomodando mesmo depois que os créditos finais sobem.
ANIMAIS NOTURNOS (Nocturnal Animals – EUA 2016). Direção: Tom Ford. Elenco: Amy Adams, Jake Gyllenhaal, Michael Shannon, Armie Hammer, Aaron Taylor-Johnson, Isla Fisher, Ellie Bamber, Michael Sheen e Laura Linney. Duração: 116 minutos. Distribuição: Universal.