O cineasta pernambucano Cláudio Assis vinha de uma carreira de 15 anos como diretor de curtas-metragens quando estreou em longas com Amarelo Manga. Afeito a temas fortes e polêmicos, Assis mostra aqui uma gama complexa de personagens, todas elas guiadas por intensas paixões e desejos os mais diversos, cujas vidas vão se entrelaçando em um mundo periférico de Recife, cheio de armadilhas, desvios e atrações as mais bizarras. O termo “bizarro” é bem adequado ao universo mostrado no filme. Porém, essa bizarrice, por mais estranho que possa parecer, torna as personagens e as situações que elas vivem em cena bem reais e carregadas de verdade. A longa experiência de Assis na realização de curtas dá, em alguns momentos, a impressão de uma colagens de pequenas histórias, mas o diretor, apesar de uma abordagem aparentemente simples e ingênua, consegue unir as pontas de cada trama apresentada e compor um grande e chocante mosaico da condição humana. Uma curiosidade: o nome do hotel que aparece no filme faz referência a um curta-metragem dirigido por Assis em 1999, Texas Hotel.