Muita gente acha que Martin Scorsese só faz filme de “macho”. Sem querer ofender, nem soar pejorativo. Longe disso. Dá prá dizer que Alice Não Mora Mais Aqui é um filme “mulherzinha” dirigido por ele. A Alice do título, interpretada por Ellen Burstyn, é uma viúva que resolve se mudar com o filho para o interior e começar vida nova. Scorsese sempre foi um diretor sensível e carinhoso com suas personagens e esses sentimentos estão presentes neste filme. Trata-se de um dos raros trabalhos que ele realizou fora de um grande centro urbano. E isso não diminui em nada o ritmo e a intensidade dessa tocante história. Ellen Burstyn se entrega e se perde totalmente em sua personagem. E foi merecidamente premiada com o Oscar de melhor atriz. Outros dois atores brilham em cena: Diane Ladd, no papel de Flo, e Kris Kristofferson, como David. Scorsese vinha do sucesso de Caminhos Perigosos e aceitou o desafio proposto pela própria Burstyn para dirigir um filme com “alma feminina”. A atriz havia recebido carta branca da Warner para desenvolver o projeto que quisesse com o diretor que achasse mais adequado. Depois de conversar com Brian DePalma e com Francis Ford Coppola, este sugeriu o nome de Scorsese. Ela ficou receosa de convidá-lo. Pensava na época, como muitos outros, que ele sabia dirigir filmes masculinos. Após conhecê-lo pessoalmente, tudo mudou e o resultado é este belo filme.
ALICE NÃO MORA MAIS AQUI (Alice Doesn’t Live Here Anymore – EUA 1974). Direção: Martin Scorsese. Elenco: Ellen Burstyn, Kris Kristofferson, Billy Green Bush, Alfred Lutter, Diane Ladd, Lelia Goldoni, Harvey Keitel, Jodie Foster e Vic Tayback. Duração: 112 minutos. Distribuição: Warner.