Existem uma máxima no cinema argentino moderno que diz: Se o filme não for estrelado por Ricardo Darin, não é argentino. Como toda máxima, há um pouco de exagero, mas, também, há um pouco de verdade. Mesmo sem procurar por isso, Darin se transformou no rosto mais conhecido do cinema argentino. Em Abutres, dirigido por Pablo Trapero, ele busca uma “outra face” para este rosto tão familiar. Na trama, escrita por Alejandro Fadel, Martín Mauregui, Santiago Mitre e pelo próprio diretor, Darin é Sosa, um advogado especialista em ganhar dinheiro acionando seguradoras de acidentes de trânsito. Ele não mede esforços para bem realizar seu trabalho. Até aparecer Luján (Martina Gusman), uma enfermeira do serviço de emergência. Os dois se conhecem por força do trabalho. Ela tentando salvar uma vida e ele, um novo cliente. Os “abutres” do título dizem respeito aos inúmeros advogados que procuram tirar vantagem das vítimas de acidentes de trânsito, que, segundo os dados que são mostrados no início do filme, é um número bastante expressivo. Trapero dirige seu filme com uma urgência quase documental misturada com alguns elementos de um típico policial americano. Dono de um domínio técnico fabuloso, o diretor opta por novos caminhos narrativos. É uma aposta arriscada, porém, extremamente salutar para qualquer cinematografia.
ABUTRES (Carancho – Argentina 2010). Direção: Pablo Trapero. Elenco: Ricardo Darín, Martina Gusman, Carlos Weber, José Luis Arias, Fabio Ronzano, Loren Acuña, Gabriel Almirón e José Manuel Espeche. Duração: 107 minutos. Distribuição: Paris Filmes.
Respostas de 2
Abutres é uma pancada no estômago… e ninguém sai ileso!
Quem está na frente na arte de se fazer cinema? Brasil ou Argentina? Um país que faz filmes como Abutres e principalmente O Segredo dos Seus Olhos merece meu eterno respeito.