Michael Haneke, cineasta alemão radicado na Áustria, onde trabalha também com teatro, televisão e lecionando cinema em uma universidade local, não é um diretor fácil. Seus temas são sempre fortes, polêmicos e inesperados. Trata-se de um artista que gosta de trabalhar aquele silêncio escondido, aquela raiva oculta, aquele desejo sexual represado, aquela submissão forçada. Tudo isso compõe a grande teia de emoções conflitantes que é A Professora de Piano. Isabelle Huppert é Erika Kohut, a professora do título. Ela vive com a mãe opressora (Annie Girardot), com quem trava embates constantes. Certo dia, ela conhece o jovem Walter (Benoît Magimel) e inicia um relacionamento de extremos. As aulas de piano de Erika são, na verdade, uma maneira que ela encontrou para disfarçar sua dor e seus conflitos diários. Haneke não faz concessões. Seu cinema é cru e por vezes cruel. Econômico e preciso na condução da trama, ele extrai sempre desempenhos soberbos de seus atores. Não é diferente aqui e a atuação de Isabelle Huppert é prova disso.