A trajetória do filme A Praga, de José Mojica Marins, o famoso Zé do Caixão, é sem dúvida alguma uma das mais curiosas e fascinantes da história do cinema brasileiro e talvez até mundial. Originalmente, ele foi o episódio 13 de um antigo programa da TV Bandeirantes, apresentado por Mojica nos anos de 1967 e 1968. Um incêndio na emissora destruiu o original. Em março de 1969, o roteirista Rubens Francisco Lucchetti, que colaborou com muitos trabalhos do diretor, fez uso desse roteiro para uma versão quadrinizada, que foi publicada na número 2 da revista O Estranho Mundo de Zé do Caixão, com desenho de Nico Rosso. 11 anos depois, em 1980, Mojica retomou o projeto e filmou novamente o roteiro com equipamento de vídeo e por falta de recursos, não conseguiu concluí-lo. Até que em 2007 o produtor Eugênio Puppo recuperou, restaurou e finalizou o filme. Mas foi somente em 2021, após uma nova montagem, novos efeitos, além de um meticuloso trabalho de reconstituição de diálogos a partir de leitura labial que se complementou as lacunas tendo por base a HQ de 1969. Para isso, outros quatro diretores, Pedro Junqueira, Matheus Sundfeld, Luis Claudio Bonacura e Cédric Fanti, concluíram essa obra perdida de Mojica. A trama gira em torno de Marina (Sílvia Gless) e Juvenal (Felipe Von Rhein), que durante um passeio pelo campo decidem tirar fotos da casa de uma senhora (Wanda Kosmo), que irritada com a presença do casal, lança um terrível feitiço no rapaz. Apesar da precariedade do material original, a restauração de A Praga revelou-se bastante compensadora por trazer à luz do público mais uma obra do grande Zé do Caixão. Seu valor é inestimável para os fãs do terror nacional.
A PRAGA (Brasil 2021). Direção: José Mojica Marins, Matheus Sundfeld, Pedro Junqueira, Cédric Fanti e Luís Cláudio Bonacura. Elenco: Sílvia Gless, Felipe Von Rhein e Wanda Kosmo. Duração: 70 minutos. Distribuição: Elo Company.
