O cineasta Billy Wilder já havia balançado as estruturas de Hollywood em 1950 com o estupendo Crepúsculo dos Deuses. Seu filme seguinte, A Montanha dos Sete Abutres, tira o foco da meca do cinema e mira no jornalismo. Mais precisamente na espetacularização da mídia. E tudo isso bem antes de qualquer estudo acadêmico sobre o assunto. O roteiro, de Lesser Samuels, Walter Newman e do próprio Wilder, tem como base uma história escrita por Victor Desny. O filme gira em torno do desmoronamento de uma caverna, onde um homem fica aprisionado. A tragédia chama a atenção de todos, principalmente de Charles Tatum (Kirk Douglas), um repórter decadente que trabalha agora em um pequeno jornal e vê naquele acidente sua chance de voltar ao topo. Aos poucos, começar a ser montado um verdadeiro “circo da mídia” no local e Tatum assume o controle da situação, aumentando e prolongando o drama e retardando as ações de resgate. O estilo ácido e original de Wilder continua intacto, ou seja, não sobra espaço para amenidades. Tatum coloca seu interesse pessoal à frente da informação e com isso, dificulta a correta ação a ser tomada. Quem conhece a obra do diretor-roteirista austríaco radicado nos Estados Unidos sabe que ele domina a narrativa cinematográfica como poucos e transita sem problemas por qualquer gênero. E se sai muitíssimo bem em todos eles. A Montanha dos Sete Abutres é “apenas” mais uma prova de seu talento. Dito isso, é redundante dizer que é imperdível. Principalmente para os estudantes de jornalismo, pois funciona como um excelente manual do que não fazer na profissão.
A MONTANHA DOS SETE ABUTRES (Ace in the Hole – EUA 1951). Direção: Billy Wilder. Elenco: Kirk Douglas, Jan Sterling, Robert Arthur, Richard Benedict, Porter Hall, Frank Cady, Lewis Martin, Ray Teal, Geraldine Wall e Richard Gaines. Duração: 111 minutos. Distribuição: Paramount/Versátil.
Uma resposta
Mestre Billy Wilder. Imperdível e obrigatório.