Orson Welles é considerado o maior diretor de todos os tempos por ter dirigido aquele que é apontado como o maior filme de todos os tempos, Cidadão Kane. Porém, entre os inúmeros fãs do diretor, muitos consideram A Marca da Maldade como sua obra maior. Welles não teve aqui a mesma liberdade que desfrutou quando dirigiu Kane. Na verdade, o filme só foi realizado por pressão do astro Charlton Heston, que queria porque queria ser dirigido por Welles, que não desperdiçou a oportunidade que lhe foi oferecida. O filme começa com um dos mais belos planos-sequência da história do cinema. A partir daí, acompanhamos Vargas (Heston), um policial mexicano que se casou com a americana Susie (Janet Leigh) e vai passar a lua-de-mel em uma cidade na fronteira entre México e Estados Unidos. Uma série de incidentes o coloca em confronto com o chefe da polícia americana, o capitão Quinlan, vivido pelo próprio Welles. A exemplo do que aconteceu com Soberba, o segundo filme que ele dirigiu, Welles não teve controle sobre a montagem final. A Marca da Maldade foi montado à revelia do diretor. Felizmente, décadas depois, foram encontradas as anotações de Welles com informações precisas sobre a montagem do filme e foram estas anotações que guiaram os trabalhos de restauração da película. A versão lançada em DVD respeita a visão do diretor e apresenta finalmente A Marca da Maldade do jeito que Welles idealizou. Uma chance imperdível para se conhecer esta história que trata de corrupção, tráfico de drogas e discriminação e permitir a você, espectador, que decida se este filme é melhor ou não que Cidadão Kane.
A MARCA DA MALDADE (Touch of Evil – EUA 1958). Direção: Orson Welles. Elenco: Charlton Heston, Janet Leigh, Orson Welles, Marlene Dietrich, Akim Tamiroff, Joseph Calleia, Zsa Zsa Gabor, Joanna Moore, Dennis Weaver, Ray Collins, Joseph Cotten e Mercedes McCambridge. Duração: 106 minutos. Distribuição: Universal/Versátil.