A trajetória do roteirista e diretor gaúcho criado em São Paulo Cristiano Burlan daria um filme. De uma certa forma, sua filmografia retrata muito de sua própria vida. Uma infância e adolescência marcadas pela pobreza e violência na periferia de uma grande cidade. A Mãe, que ele filmou em 2020 e lançou em 2022, segue essa linha de resgate pessoal. O roteiro, de Burlan e Ana Carolina Marinho, nos apresenta Maria (Marcélia Cartaxo), uma mulher que vive na capital paulista e certa noite, ao voltar para casa, não encontra seu filho adolescente. Ela inicia uma incansável busca por ele na vizinhança, na escola, nos hospitais, na polícia e demais órgãos do governo. A abordagem direta, quase documental, de Burlan nos faz seguir os passos dessa mãe à procura da verdade em relação ao que teria acontecido com seu filho. Quem assistiu aos documentários do diretor, especialmente Mataram Meu Irmão e Elegia de Um Crime, encontrará neste A Mãe uma espécie de fechamento de uma trilogia sobre o descaso com os menos favorecidos que vivem nos arredores dos grandes centros urbanos e são vítimas de um estado que os tratam como números e não como seres humanos que respiram, estudam, trabalham e amam. Em tempo, o filme ganhou três Kikitos no Festival de Cinema de Gramado de 2022: melhor atriz, melhor direção e melhor desenho de som.
A MÃE (Brasil 2022). Direção: Cristiano Burlan. Elenco: Marcélia Cartaxo, Mawusi Tulani, Helena Ignêz, Ana Carolina Marinho, Henrique Zanoni e Tuna Dwek. Duração: 80 minutos. Distribuição: Cup Filmes.
