Quase 30 anos depois do filme original, O Mistério de Candyman, dirigido em 1992 por Bernard Rose, o roteirista e produtor Jordan Peele realiza um misto de continuação e relançamento da franquia com este A Lenda de Candyman. Peele não apenas produziu, mas também escreveu o roteiro, junto com Win Rosenfeld e com a diretora Nia DaCosta. O mais interessante aqui é a forma como questões latentes na obra de Rose são resgatadas e ampliadas para se adequarem às bandeiras defendidas por Peele em todos os seus filmes. No caso, o fator racial e como ele está inserido na sociedade americana. Estamos de volta à Cabrini Green, após passar por uma gentrificação, processo que transforma os centros urbanos por meio da mudança de grupos sociais aqui existentes. E é justamente lá que Tony McCoy (Yahya Abdul-Mateen II), um artista visual e sua namorada Brianna Cartwright (Teyona Parris), diretora de uma galeria de arte, vão morar. O bairro e suas lendas envolvendo Candyman tornam-se a inspiração que Tony precisava para seu trabalho. O que ninguém esperava era que aquele espírito do passado reaparecesse sedento de sangue. Inicialmente, Jordan Peele iria dirigir A Lenda de Candyman. No entanto, terminou optando por apenas escrever e produzir, passando a direção para Nia DaCosta, que tinha apenas um longa no currículo. Ela opta por evitar cenas de susto gratuitas e trabalhar mais com a sugestão do que com a explicitude. O resultado é satisfatório, especialmente por valorizar aspectos de representatividade e diversidade sem esquecer de colocar tudo no seu devido contexto.
A LENDA DE CANDYMAN (Candyman – EUA 2021). Direção: Nia DaCosta. Elenco: Yahya Abdul-Mateen II, Teyonah Parris, Nathan Stewart-Jarrett, Colman Domingo, Kyle Kaminsky, Vanessa Williams, Brian King e Miriam Moss. Duração: 91 minutos. Distribuição: Universal.
