O americano Erle C. Kenton fez parte daquela geração de diretores que surgiu nas primeiras décadas de Hollywood. Nunca pertenceu ao primeiro time. Era mais do tipo “pau para toda obra”. Entre 1919 e 1951 dirigiu mais de cem filmes entre curtas e longas. A partir do início dos anos 1950 até o fim da década seguinte, trabalhou apenas para a televisão, dirigindo inúmeras episódios de seriados. Antes de começar a dirigir, trabalhou como ator ao longo da década de 1910 e foi um dos Keystone Kops originais, de Mark Sennett. Dos longas que fez para cinema, um dos mais lembrados é A Ilha das Almas Selvagens, feito em 1932, primeira adaptação de A Ilha do Dr. Moreau, de H.G. Wells, que foi adaptado por Waldemar Young e Philip Wylie. Na época, a Universal já tinha lançado, com bastante sucesso, Drácula, Frankenstein e A Múmia. A aposta da Paramount, estúdio rival, era aproveitar o filão do terror. Tudo começa quando o náufrago Edward Parker (Richard Arlen) chega a uma estranha ilha onde o Dr. Moreau (Charles Laughton) faz experiências genéticas com seres humanos e animais. Considerado um clássico do gênero, A Ilha das Almas Selvagens é um filme bem à frente de seu tempo. Principalmente, por debater temas que ainda hoje são pertinentes e assumir uma postura política e social corajosa e moderna. E olha que ele fez isso no início dos anos 1930, um período em que esses temas não faziam parte da agenda do dia. A Ilha do Dr. Moreau teve outras três versões para o cinema. Todas elas inferiores a esta de Kenton.
A ILHA DAS ALMAS SELVAGENS (Island of Lost Souls – EUA 1932). Direção: Erle C. Kenton. Elenco: Charles Laughton, Bela Lugosi, Richard Arlen, Leila Hyams, Kathleen Burke, Stanley Fields, Paul Hurst e George Irving. Duração: 70 minutos. Distribuição: Versátil.