Primeiro longa solo da cineasta irlandesa Nora Twomey, A Ganha-Pão é uma animação de forte conteúdo político e de protesto. O roteiro de Anita Doron tem por base o livro homônimo de Deborah Ellis e nos apresenta a jovem Parvana, que vive no Afeganistão sob domínio do Talibã. Quando seu pai é injustamente preso, ela precisa se disfarçar de menino para poder trabalhar e, com isso, levar comida para sua família. A história contada aqui tem um caráter humanista dos mais profundos ao expor a triste realidade do povo afegão e, em particular, das mulheres afegãs. No meio dessa dor e sofrimento, Parvana encontra alento nas histórias aventurescas do nobre passado de seu país e no amor que recebe e sente por sua mãe, seu pai, sua irmã mais velha e seu irmão caçula. Sem contar outra jovem como ela que faz uso do mesmo recurso de disfarce. Twoney nem precisa carregar nas cores. O que vemos é impactante o suficiente e dispensa o uso de qualquer “muleta” narrativa. Como diria meu irmão Douglas, trata-se de uma animação para gente grande.
A GANHA-PÃO (The Breadwinner – Irlanda 2017). Direção: Nora Twomey. Animação. Duração: 94 minutos. Distribuição: Netflix.