Em quase três décadas de carreira, o cineasta americano Wes Anderson criou um estilo bastante pessoal e peculiar. A Crônica Francesa talvez seja sua obra mais radical até o momento. O roteiro, do próprio diretor, parte de uma história criada por ele junto com Roman Coppola, Hugo Guinness e Jason Schwartzman. A ação se passa em uma pacata cidade fictícia do interior da França onde existe um posto avançado de uma revista americana, a The French Dispatch Magazine, visivelmente inspirada pela The New Yorker. O que vemos aqui são reportagens dramatizadas da última edição da publicação chefiada por Arthur Howitzer Jr. (Bill Murray). O apuro visual expresso nos cenários, figurinos, objetos de cena, paleta de cores e enquadramento, característicos da filmografia de Anderson, encontram-se presentes. No entanto, parecem fazer parte de um clube fechado com regras próprias. É de se pensar que o cineasta tenha se tornado uma vítima de seu estilo. Apesar de visualmente deslumbrante, A Crônica Francesa carece de elementos que abracem um público mais amplo. Isso faz com que tenhamos de estar familiarizados com as obras do diretor. O que, no final, torna até fácil a recomendação ou não do filme. Em resumo, se você é fã de Wes Anderson, vai gostar. Caso contrário, é melhor passar longe.
A CRÔNICA FRANCESA (The French Dispatch – EUA/Alemanha 2021). Direção: Wes Anderson. Elenco: Bill Murray, Benicio Del Toro, Adrien Brody, Tilda Swinton, Léa Seydoux, Frances McDormand, Timothée Chalamet, Jeffrey Wright, Mathieu Amalric, Owen Wilson, Bob Balaban e Henry Winkler. Duração: 107 minutos. Distribuição: Walt Disney Studios.