Houve um tempo em que as mulheres eram proibidas de trabalhar no teatro. Os papéis femininos eram interpretados por homens que se vestiam de mulher. Historicamente, não faz tanto tempo assim. Este é o pano de fundo do filme A Bela do Palco, de Richard Eyre. Com roteiro de Jeffrey Hatcher, baseado em sua própria peça, somos apresentados aqui ao famoso ator Ned Kynaston (Billy Crudup). Ele é especialista em papéis femininos. O melhor de todos. Sua fama vem justamente daí. Ned conta com uma fiel ajudante, Maria Hughes (Claire Danes), que, secretamente, sonha em se tornar atriz. Tudo muda quando o Rei Charles II (Rupert Everett) permite a participação de mulheres nas peças. Eyre faz uso de sua vasta experiência no teatro e conduz a narrativa com leveza e agilidade. A Bela do Palco não trata apenas desta “farsa” teatral. Há muito mais coisa em discussão. A começar por uma nova estrutura funcional que se estabelece no teatro, abrindo uma frente de trabalho para as mulheres. E, claro, em consequência disso, uma reinvenção para a carreira e a vida pessoal dos atores que interpretavam mulheres. Parece muito para um filme só, mais Eyre dá conta do recado. E com bom humor.
A BELA DO PALCO (Stage Beauty – Inglaterra 2004). Direção: Richard Eyre. Elenco: Billy Crudup, Claire Danes, Ben Chaplin, Rupert Everett e Tom Wilkinson. Duração: 110 minutos. Distribuição: Califórnia Filmes.