Eu tenho uma amiga que costuma dizer que todo ateu passa a acreditar em Deus quando o filho fica doente. Imagine então se esse filho for diagnosticado com adrenoleucodistrofia, uma doença tão rara que médico algum se dedicou a estudá-la. Isso aconteceu com o casal Augusto e Michaela Odone e o drama deles foi levado ao cinema pelo australiano George Miller, mesmo diretor da série do Mad Max. O filme em questão é O Óleo de Lorenzo, escrito por Miller, junto com Nick Enright, a partir dos relatos da família Odone. O que torna essa história diferente é o fato de os pais do pequeno Lorenzo (vividos pelos atores Nick Nolte e Susan Sarandon), após esgotarem toda ajuda que poderiam ter dos médicos, decidirem eles mesmos estudar Medicina e procurar uma cura para a doença do filho. Miller nos “entrega” um drama familiar tocante e contundente que não cai nas armadilhas fáceis do melodrama. Convenhamos, a tentação de nos envolver emocionalmente na luta dos Odone, é enorme. Não é o que acontece aqui. Ciente da força inerente à história, Miller não “pesa a mão” e confia ao elenco, no roteiro e na inteligência do público para, a partir daí, deixar a emoção correr solta. Sem maniqueísmos.
O ÓLEO DE LORENZO (Lorenzo’s Oil – EUA 1992). Direção: George Miller. Elenco: Susan Sarandon, Nick Nolte, Peter Ustinov, Kathleen Wilhoite, Gerry Bamman e Zack O’Malley Greenburg. Duração: 129 minutos. Distribuição: Universal.