Isso sim é globalização. Diretor e roteirista iraniano. Atriz francesa. Ator inglês. Produzido pela Bélgica, França e Itália. Rodado na região da Toscana. Falado em três idiomas. Equipe técnica multinacional. E, apesar do que diz o título, Cópia Fiel é um filme bastante original. Escrito e dirigido por Abbas Kiarostami, o maior nome do cinema feito no Irã, em seu primeiro trabalho fora de seu país natal. O filme conta a história de um encontro entre um homem (William Shimell) e uma mulher (Juliette Binoche), em um pequeno vilarejo ao sudoeste da Toscana. Ele é um escritor inglês que está lançando um novo livro. Ela é francesa, mora na região e é dona de uma galeria de arte. Uma trama muito simples e conhecida, porém, contada de uma maneira cativante. Acompanhamos os dois em um domingo de exploração pelas belezas do lugar e, paralelo a isso, vamos conhecendo um pouco mais da vida de cada um. A câmara de Kiarostami é discreta, nunca intrusiva. A química que vai se revelando no casal é das mais convincentes e no final, ainda somos brindados com algumas surpresas que enriquecem ainda mais a experiência de ver esse filme. Duas curiosidades: 1) Kiarostami quis homenagear Roberto Rosselini e um de seus clássicos, Viagem à Itália, de 1954 e 2) O roteirista Jean-Claude Carrière, famoso por suas colaborações com Buñuel, Wajda e Babenco e muitos outros diretores, faz uma ponta como o homem que aparece com a esposa em uma praça e conversa com o casal de protagonistas.