O cineasta Lukas Moodysson é um dos nomes mais destacados do novo cinema sueco. Seu estilo direto e satírico tece críticas contundentes, algumas vezes violentas, ao comportamento humano. Moodysson começou a carreira aos 17 anos, quando publicou um livro de poemas. Aos 26 anos ele dirige o primeiro curta-metragem de um total de três e depois estreia na direção de longas. Para Sempre Lilya é o terceiro deles. Com roteiro do próprio diretor, o filme conta a história da adolescente Lilya (Oksana Akinshina, em desempenho estupendo), uma russa que é abandonada pela mãe, que foge para os Estados Unidos com o novo namorado. Sozinha, Lilya termina por se prostituir e se torna vítima de uma rede de tráfico de escravas brancas. Vai parar na Suécia. Moodysson traça aqui um paralelo entre a vida de Lilya e a nova realidade da antiga União Soviética depois do fracasso do socialismo, em particular. E da Europa, como um todo. Inquietante, trágico e cruelmente realista, Para Sempre Lilya exige um certo preparo para ser visto. A câmara de Moodysson nunca é explícita. Somos sugestionados a acompanhar todo o sofrimento da personagem e o poder de “sugestão” do diretor é muito forte. Para acentuar ainda mais o clima do filme, há o uso inteligente e orgânico da música, que altera a bela trilha sonora composta por Nathan Larson com a canção pesada Mein Herz Brennt, da banda alemã Rammstein. O mundo de Lilya, segundo Moodyssson, é um lugar onde não há espaço para a esperança.
PARA SEMPRE LILYA (Lilja 4ever – Dinamarca/Suécia 2002). Direção: Lukas Moodysson. Elenco: Oksana Akinshina, Artyom Bogucharsky, Pavel Ponomaryov, Lyubov Agapova, Elina Benenson, Liliya Shinkaryova, Tomasz Neuman, Anastasiya Bedredinova, Tõnu Kark e Nikolai Bentsler. Duração: 105 minutos. Distribuição: Califórnia Filmes.
Uma resposta
Extraordinário. É um soco no estômago, a bem dizer. E não saímos incólumes…