O diretor e roteirista Andrew Dominik nasceu na Nova Zelândia e se criou na Austrália, onde se formou em Cinema. Quatro cineastas marcaram sua formação: Stanley Kubrick, Martin Scorsese, Terrence Malick e David Lynch. O curioso é perceber a influência deles em seu segundo longa, O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford, produzido por Brad Pitt e Ridley Scott. Apesar do título spoiler, o filme, escrito por Dominik a partir do romance de Ron Hansen, é cheio de boas surpresas. Robert Ford (Casey Affleck) aspira entrar para o bando de Jesse James (Pitt). O famoso pistoleiro agora vive recluso, longe do crime. A chegada de Ford cria uma tensão que vai aos poucos alterando a rotina de James e seus homens. Dominik constrói sua trama sem pressa. Não se deixe impressionar pela longa duração de quase três horas. O diretor sabe o que está fazendo e dá tempo certo para que suas personagens se desenvolvam. É estabelecido um jogo psicológico cheio de sutilezas e nuances que vão tecendo uma interessante discussão sobre a fama, por exemplo. O filme também trabalha muito bem algo que é muito difícil de ser “mostrado”: o silêncio. Contido e solene, poético e belo, O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford é um faroeste atípico e original. Dominik, com talento e sensibilidade, nos envolve e conduz por caminhos complexos e inusitados. O elenco ajuda bastante, é verdade, principalmente a dupla principal. Mas, ao final, o que fica é o rigor da direção e a plasticidade de suas cenas impactantes, embaladas pela excelente trilha sonora composta por Nick Cave e Warren Ellis e a estupenda fotografia de Roger Deakins. Um filme para ver e rever, sempre, com atenção e encantamento.
O ASSASSINATO DE JESSE JAMES PELO COVARDE ROBERT FORD (The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford – EUA/Canadá/Inglaterra 2007). Direção: Andrew Dominik. Elenco: Brad Pitt, Casey Affleck, Mary-Louise Parker, Sam Rockwell, Jeremy Renner, Sam Shepard e Brooklynn Proulx. Duração: 160 minutos. Distribuição: Warner.
Respostas de 2
Um título como este já de pronto me chama a atenção. Mas sim, o filme é extraordinário. E o Marden tem razão: os Mestres todos estão lá, influenciando… maravilha de influência!
Adoro esse filme e a trilha sonora também. Sensacional!