O cineasta sueco Ingmar Bergman dispensa apresentações. Dizer que ninguém melhor do que ele soube desnudar a alma humana é quase um clichê. No início dos anos 1960, Bergman já era um nome conhecido e respeitado em todo o mundo. Isso lhe dá respaldo para arriscar vôos mais radicais e é o que ele faz ao criar o que hoje conhecemos como a Trilogia do Silêncio. A primeira parte, Através de Um Espelho, é lançada em 1961. O roteiro, escrito por Bergman, conta a história de Karin (Harriet Andersson, primeira musa do diretor), uma mulher frágil que entra em conflito com sua família (uma constante na obra do diretor), durante as férias de verão. Eles estão em uma ilha (outro elemento recorrente na obra do cineasta), e o isolamento agrava ainda mais as crises de loucura de Karin, que alterna momentos de lucidez com surtos de alucinações. Existe mais um fator que costuma pontuar os trabalhos de Bergman, a religião, e aqui, parece que eles foram abandonados por Deus. Através de Um Espelho é um denso drama psicológico que mergulha fundo e revela sem pudores a degradação de uma família. Vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro, esta parte um da Trilogia do Silêncio, que seria continuada com Luz de Inverno e O Silêncio, consolida a reputação de Bergman como um dos maiores mestres da Sétima Arte.
ATRAVÉS DE UM ESPELHO (Såsom I En Spegel – Suécia 1961). Direção: Ingmar Bergman. Elenco: Harriet Andersson, Gunnar Björnstrand, Max Von Sydow e Lars Passgard, . Duração: 89 minutos. Distribuição: Versátil.