A Trilogia do Silêncio de Bergman, iniciada com Através de Um Espelho e continuada em Luz de Inverno, encontra em O Silêncio o seu desfecho. Não se trata de uma trilogia convencional. Os filmes não são continuação um do outro. O que os une é a temática comum: relações familiares, questões religiosas e poucos diálogos. Em O Silêncio acompanhamos as dificuldades de relacionamento de duas irmãs, Esther (Ingrid Thulin) e Anna (Gunnel Lindblom). Elas viajam para a Suécia, junto com o filho de Anna. No meio do caminho, em um país estrangeiro, precisam parar em um hotel quase deserto, onde se hospedam. A parada forçada faz com que as irmãs confrontem o vazio de suas vidas. O fato de não falarem a língua do lugar aumenta ainda mais a sensação de isolamento. Bergman, com intensidade, toca em feridas profundas. Muitos consideram O Silêncio o mais complexo e difícil dos três filmes. Ao som de Bach, o diretor se permite até um momento de puro surrealismo, quando anjos aparecem para o garoto e o vestem de mulher. A partir desta trilogia, Bergman experimenta, cada vez com mais rigor e genialidade, um mergulho fascinante na alma humana.
O SILÊNCIO (Tystnaden – Suécia 1963). Direção: Ingmar Bergman. Elenco: Ingrid Thulin, Gunnel Lindblom, Jörgen Lindström,, Hakan Jahnberb, Birger Malmsten, Kristina Olansson. Duração: 96 minutos. Distribuição: Versátil.